Show de metal - O espetáculo dos filhos da noite

Esse tipo de espetáculo geralmente ocorre à noite. O ambiente é fechado – um porão de algum bar ou uma casa de shows. Local perfeito para se fazer muito “barulho”. Há um palco, um pequeno bar no canto, algumas mesinhas afastadas, cadeiras dispersas. O público tem um perfil diferente do que frequenta baladas do interior de São Paulo. São pessoas de diferentes idades e de ambos os sexos.

Gente bem diferente que se veste de preto e não dança. Pessoas de aspecto ameaçador, que usam roupas de couro e camisetas preta com nomes de bandas estampadas na frente. Timidamente, eles vão chegando. Aos poucos, eles vão lotando o local. Alguns encontram amigos e começam a conversar, outros ficam no bar bebendo. Há também aqueles que preferem ficar em algum canto, sentados, de mãos dadas com o namorado ou a namorada.

Chega, então, a equipe de produção da banda, que leva instrumentos e caixas de som. Aos poucos, essas pessoas montam tudo em cima do palco. A guitarra e o contra-baixo são afinados, os pratos e o pedal da bateria são testados. A saída de som é verificada. As luzes do palco são acertadas.

Tudo pronto para show. Começam a chegar os integrantes da banda, cada um toma seu lugar e, aos poucos, eles vão se acomodando. O vocalista apresenta a banda ao público e começa o espetáculo.

O lugar é envolvido em um ar de inquietação: as pessoas se agitam conforme a música toca, alguns vão para a frente do palco, outros compõem a multidão e há aqueles que se refugiam atrás dos outros, buscando um canto mais calmo onde podem apreciar a música a sua maneira.

O som contagia a todos. A guitarra soa como uma melodia sinistra que enfeitiça o público. O contra-baixo mostra seu som pesado. A bateria soa poderosamente e a voz do vocalista embala a plateia com letras “extremas”, que encantam a multidão do lugar.

A atmosfera envolve todos na multidão. O público balança freneticamente a cabeça em movimentos contínuos. Alguns acompanham e cantam as músicas junto com o vocalista. Outros, embriagados, levantam seus copos com bebida em sinal de saudação à banda e cantam as músicas desajeitadamente.

Os casais cantam as músicas abraçados, intercalando as palavras pronunciadas com beijos. Quanto mais agitado é o som, mais pessoas se unem em frente ao palco.

Alguns jovens sobem no palco e se jogam na multidão. Ao invés de caírem em cima das pessoas, são segurados por eles e levados para outro lugar, passando de mãos em mãos. Há alguns jovens que fazem uma roda onde pessoas se chutam e se empurram, mostrando que nem todos sabem se portar bem nesse tipo de situação. O show pode parecer um ambiente com uma conotação violento e perigoso, mas, dificilmente ocorrem brigas e as pessoas costumam ser muito educadas umas com as outras.

Antes que a noite acabe, a banda toca uma última música. A multidão mergulha mais uma vez naquela atmosfera mágica que somente os fãs desse tipo de música experimentam.

Depois da última música, a banda se despede, a multidão vai se dissipando, todos vão saindo do local, um a um. Os músicos desmontam os instrumentos e começam a guardá-los. Eles conversam entre si e avaliam o show. Os músicos expressam cansaço e felicidade.

A banda dá uma última palavra com o dono da “casa” e eles se vão. O espetáculo daquela noite acabou e, como a lua que desaparece na manhã mas retorna no cair da noite, em outra ocasião, haverá outro show, outro espetáculo.

Texto: Luciana Nagata

Imagem: Sonny Music.

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