Mãe de headbanger

Muitos músicos já ás homenagearam em suas músicas, por exemplo o cantor Ozzy Osbourne que escreveu a canção “Mama I’m come home”, música cuja letra é uma conversa entre mãe e filho para apaziguar as diferenças entre ambos. A banda Pink Floyd escreveu “Mother” para o álbum “The Wall”, a canção mostra a imagem de uma mãe presente e um tanto possessiva que aparece nas alucinações de um jovem músico que usa drogas. Alice Cooper compôs “Only womem bleed” e “Dead babies” para ilustrar a vida das mães que vivem a margem da sociedade. É como se de alguma maneira esses headbangers soubessem das preocupações que causaram ás suas genitoras ao longo dos anos e decidiram se redimir compondo essas canções.

Cabelos longos, roupas estranhas, tatuagens são somente alguns elementos do mundo do heavy metal e também são algumas das razões para muitas mães se preocuparem. “Ainda lembro quando o Rogério tinha 13 anos, ele deixou o cabelo crescer, foi uma luta, brigávamos todos os dias (...) então veio aquela coisa de aula de guitarra, reunir os amigos na garagem pra fazer barulho e esse foi só o começo, depois foi ficando pior (risos)”-explica Anete Ferreira Poveglia, aposentada e mãe do músico Rogério Poveglia, guitarrista da banda Éden de Santa Barbara d’Oeste (SP).

Comprar um instrumento, fazer aulas de guitarra e começar a ouvir um som chamado de “perigoso” podem ser coisas consideradas normais para muitas mães. Na adolescência, os jovens começam a buscar coisas diferentes, procuram ícones com os quais se identificar, estão formando sua identidade e não querem ser como os demais. E é nessa fase da vida que os jovens enfrentam muitos problemas da idade e cabe as figuras paternas, sobretudo a mãe guiá-lo para que o jovem não se envolva em coisas perigosas.

“Minha mãe pensava que era só uma ‘fase’ que um dia eu iria me cansar e parar com tudo. Então eu mostrei para ela que não era isso, mostrei pra ela que a princesinha cresceu e foi morar no cemitério (risos). Ela sempre desaprovou o fato de eu me envolver com o heavy metal, mas eu deixei claro que não era uma ‘modinha’(...) Demorou um tempo até ela entender, então eu fui crescendo e me formei na faculdade, fiz mestrado e continuei gostando de metal. Foi depois de um belo tempo que ela passou a me entender e me aceitar como sou”-explica Carolina Domani Matuze, jornalista e blogueira.

Depois de comprar o tão sonhado instrumento, das aulas de música, de reunir uns amigos na garagem para tocarem algumas músicas das bandas preferidas vem a idéia de montar uma banda. No começo tudo é simples, o grupo se reúne convida pais e amigos para verem suas primeiras apresentações, são apresentações pequenas em escolas, alguns eventos, igrejas e etc. “A primeira vez que eu vi um show de metal, eu achei um horror, tinha um povo estranho, o lugar era escuro. De repente meu filho subiu no palco e começou a tocar bateria, no mesmo instante eu senti uma energia, não sei explicar, foi formidável ver aquele povo todo vibrando com a música dele”-afirma Ana Maria Beltrano da Rocha, professora e mãe do baterista Otavio Rocha da banda CEX de Rio Claro (SP).

Logo a adolescência tem fim, na fase adulta a coisa muda de cara quando o filho, agora músico, começa a adentrar um mundo novo, o mundo do metal. Fora as preocupações habituais de uma mãe começam a surgir as preocupações com relação a violência, tatuagens, drogas e álcool. “Eu vou com o Gustavo em todos os shows e sempre fico de olho nele, além do mais tem muito doido por ai e ele tem só 12 anos”-explica Fátima Santana Picelli, dona de casa e mãe do estudante de música Gustavo Picelli.

Com o passar dos anos a imagem remetida ao metal das décadas passadas criou uma imagem estereotipada e preconceituosa, e por isso as mães temem que seus filhos comecem a gostar desse tipo de música, pois erroneamente acreditam que os jovens se tornarão alienados e fanáticos ou que integrem alguma gangue.

“Independente do tipo de música que um filho ouve, a mãe tem que entender e apoiá-lo, mesmo por que a música não influencia em nada se ele for uma bom filho(...) É muito trabalhoso mas ao mesmo tempo é muito gratificante. Ver seu filho tocando num palco e sendo admirado por todos é a melhor coisa do mundo”-afirma Anete.

Texto e imagem: Luciana Nagata

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