Figuras do metal na inspiração dos humoristas

O Heavy Metal também inspira humoristas que criam personagens, e que mostram o metal em sua face mais alegre. Geralmente esses quadros humorísticos são cheios de clichês sobre os headbangers e apresentam personagens extremamente pitorescos.

A mania começou nos EUA em 1979, quando o grupo de humoristas do programa de TV Saturday Night Live (SNL) criou uma banda fictícia chamada “Spinal Tap”. Spinal Tap era uma banda de Heavy Metal com três integrantes: David St.Rubbins, Nigel Tufnel e Derek Smalls. O grupo é originário da Bélgica e eles definem seu som como “o melhor metal do mundo, em proporções harmônicas e inarmônicas”. David St.Rubbins é o vocalista interpretado pelo ator Michael Mckean. Nigel Tufnel é o guitarrista interpretado pelo ator Christopher Guest e Derek Smalls é o baixista interpretado por Harry Shearer.

Em 1984 foi produzido um documentário sobre a Spinal Tap. Um filme de comédia inteligente que fala sobre os bastidores de uma banda. O filme explora temas como a vida bizarra dos músicos, os shows, gravações e o dia a dia dos integrantes da banda que são muito excêntricos. O músico e comediante americano Rob Tyner (1945-1992) criou o personagem “Grande”, um headbanger de uma “banda de um homem só” que alegrava o programa de comédia “Days” do canal CBS. Grande é um homem tímido e desajeitado que toca uma harpa elétrica, o que o tornou famoso foi sua postura: um homem grande e delicado fazendo um som forte com uma pequena harpa nas mãos.

Aqui no Brasil também existem “figuras” do metal. Nos anos 80 o humorista Carlos Leite (1939-1990) criou o personagem “Kelé, o metaleiro” que aparecia em alguns quadros do programa “A praça é nossa” do canal SBT. Nascido Clemente de Jesus Gonçalves, o jovem ingênuo do interior de Minas Gerais, ao descobrir o Heavy Metal se tornou Kelé, o metaleiro. Kelé é inconveniente e cultiva hábitos ruins, como não tomar banho e fumar maconha. Munido de um anti-nacionalismo forte, ele acredita que o Brasil precisa se “inglesar” e que “punk bom é punk quebrado”. Carlos criou esse personagem baseado em um sobrinho que era headbanger. Quando Carlos Leite faleceu, o personagem passou a ser interpretado pelo ator Saulo Laranjeira.

O professor da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Ticiano D’Amore, especialista em música clássica e contemporânea, criou um personagem baseado em alguns de seus alunos: o “Uílame, o metaleiro”. Uílame é um jovem do nordeste brasileiro cujo sonho é se tornar o melhor músico do mundo. Ele é obcecado pela banda Blood Avenger (banda fictícia, parodia da banda Angra) e costumeiramente leva um tiro ou tem seu amplificador destruído por uma explosão. Uílame tem suas aventuras narradas em podcasts na sessão de colunas do site cifraclub do Terra.

Márcio Baraldi, cartunista e ilustrador, criou, em 1996, o casal headbanger: Adrina-Lina e Roko Loko. O casal aparece em algumas aventuras insólitas e engraçadas nas tirinhas da revista Rock Brigade. Roko é um headbanger que vive com sua cara metade, Adrina. Embora Adrina participe de algumas histórias, Roko é o personagem principal da tirinha. Em suas histórias, ele encontra bandas internacionais, músicos e figuras que fazem sua tirinha ser hilária. Márcio criou, em 2002, a dupla “Maluco & Beleza”, dois adolescentes que vivem sem dinheiro e se metendo em confusão. Headbangers que ilustram a realidade da periferia, a tirinha deles é apresentada na revista Valhalla.

O grupo de humoristas do antigo programa “Hermes e Renato” do canal MTV, atualmente conhecido como “Banana Mecânica”, criou a banda fictícia “Massacration”.Trata-se de uma banda de metal semelhante a bandas como Manowar, Angra e Iron Maiden. Criada em 2002, a Massacration apareceu em um dos episódios como uma paródia dos clichês de bandas de metal, formada por Detonator (Bruno Sutter), Blondie Hammet (Fausto Fanti), Metal Avenger (Marco Antonio Alves), Headmaster (Antonio Pereira) e Dimmy The Hammer (Felipe Torres). A banda de mentira acabou alcançando uma popularidade assombrosa.

Em 2005, o gravou um CD intitulado “Gates of metal fried chicken of death” com diversas musicas próprias. Naquele ano, Massacration ganhou um programa próprio onde apresentava clipes e bandas de metal, além de entrevistas com músicos e quadros de comédia. Com o sucesso do primeiro CD, o grupo decide gravar o segundo álbum. O lançamento do álbum, intitulado “Good Blood Headbangers” ocorreu no início de 2009. O som da banda é cheio de humor, no entanto, não deixa de ser um som poderoso.

No começo de 2010, o grupo de humoristas decide fazer um humor diferente, mais inteligente e eles assinam contrato com a Rede Record. O programa passa a se chamar “Banana Mecânica” e as piadas são mais sofísticas. Embora a Massacration faça shows e seja bem popular no país, não há previsão para o lançamento de um terceiro álbum.

Texto: Luciana Nagata

Imagem: Ticiano D'Amore

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